Pesquisa global da GLMC revela que mudanças tecnológicas são a maior preocupação para trabalhadores; no Brasil, prioriza-se requalificação para aumento de renda.
O avanço acelerado da tecnologia está alimentando temores em trabalhadores das maiores economias globais. Segundo um relatório da Global Labor Market Conference (GLMC), mais de 60% dos brasileiros acreditam que suas habilidades podem se tornar obsoletas em um futuro próximo, liderando o ranking de preocupação entre os 14 países analisados.
A pesquisa, realizada em colaboração com o Banco Mundial e a Organização Internacional do Trabalho, entrevistou 14.000 trabalhadores de diversos países. O Brasil se destacou como o país onde mais se teme o impacto da transformação tecnológica no mercado de trabalho. Essa preocupação supera até temas como globalização e mudanças climáticas.
Brasil: foco na requalificação para aumento de renda
Enquanto em países como Vietnã e China a requalificação é vista como uma forma de adaptação às mudanças globais, no Brasil, o objetivo principal dos trabalhadores ao buscar novas habilidades é o aumento de renda. O estudo também apontou uma queda na percepção da globalização como ameaça no país, com novas alianças comerciais, como os BRICS, sendo vistas como oportunidades.
Confiança maior nas empresas do que no governo
A pesquisa revelou que 49% dos trabalhadores globais confiam mais nas empresas para promover a requalificação, enquanto apenas 20% acreditam que os governos desempenham um papel relevante nesse processo. No Brasil, 40% apontaram a falta de tempo como a maior barreira para se qualificar, seguida por limitações financeiras (39%).
Habilidades mais valorizadas no mercado tecnológico
No mercado global, habilidades cognitivas, como pensamento crítico e resolução de problemas, foram apontadas como essenciais para o futuro. No Brasil, a importância dessas competências foi ainda mais destacada, acompanhada de um aumento na percepção da relevância das áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
Cenário global: a urgência de se adaptar
Países com industrialização tecnológica recente, como Nigéria e Vietnã, mostraram maior disposição para se adaptar às mudanças, enquanto economias avançadas, como Estados Unidos e Reino Unido, demonstram uma abordagem mais cautelosa. Ainda assim, a pesquisa reforça que o impacto da automação e das tecnologias emergentes continuará impulsionando a demanda por novas qualificações, mesmo em mercados já maduros.
Mudanças climáticas e envelhecimento populacional: preocupações menores
Embora mudanças climáticas tenham menor impacto nas decisões de qualificação global, países como China e Vietnã já identificam essa questão como relevante. Por outro lado, o envelhecimento populacional é visto como uma motivação para adquirir novas habilidades apenas em mercados asiáticos, como Índia e China, sendo pouco significativo na Europa e no Japão.
A pesquisa da GLMC reforça a necessidade urgente de investimentos em educação, treinamento e requalificação para enfrentar as rápidas transformações no mercado de trabalho global.
Fonte: Relatório “Navegando o Amanhã: Dominando Habilidades em um Mercado de Trabalho Global Dinâmico” – GLMC, Banco Mundial e Organização Internacional do Trabalho.