
O Light Phone III promete foco e menos estresse, mas será que ele funciona no mundo real?
Cada vez mais pessoas relatam uma sensação incômoda: dificuldade de concentração, pensamentos acelerados e até incapacidade de terminar um livro. O nome disso, para muitos, é “brain rot”, ou “cérebro derretido” — uma fadiga mental causada pelo uso excessivo de smartphones e redes sociais.
Na tentativa de escapar desse ciclo de distração, surge um movimento de tecnologia minimalista. Entre os destaques, está o Light Phone III, um celular que praticamente não faz nada — e justamente por isso, promete muito.
O que é o Light Phone III?
O Light Phone III é um celular criado por uma startup do Brooklyn, nos EUA. Ele faz chamadas, envia mensagens, tira fotos básicas, mostra mapas e reproduz músicas e podcasts. E só. Não tem navegador de internet, loja de apps, redes sociais, e nem mesmo e-mail.
Segundo a empresa, a ideia é simples: um aparelho que só aparece quando você realmente precisa dele. “As pessoas nos dizem que se sentem menos estressadas, mais produtivas e criativas”, diz Kaiwei Tang, CEO da Light.
Mas como é viver com esse celular?
O jornalista Brian X. Chen, colunista do New York Times, decidiu trocar seu iPhone pelo Light Phone III por uma semana — e a experiência foi reveladora. No começo, ele gostou: sentiu-se mais presente, menos tentado a olhar para a tela, e percebeu uma clareza mental renovada. Porém, o entusiasmo logo esbarrou na realidade.
Ao tentar entrar na estação de trem, ele percebeu que precisava do celular antigo para acessar o bilhete digital. No trabalho, sentiu falta dos aplicativos. No dia a dia, tarefas simples como abrir a garagem, acessar um QR Code de devolução da Amazon ou descobrir o nome de um restaurante novo se tornaram desafios.
E as fotos? Pareciam ter sido tiradas com um celular de 15 anos atrás. “Retro!”, disse um amigo. “Péssima”, disse outro.
Minimalismo digital ou retrocesso?
O Light Phone não é exatamente barato (custa em torno de US$ 600), nem prático para quem depende de tecnologia para trabalhar ou se locomover. Para muitos, pode ser frustrante demais para o dia a dia. Mas ele pode funcionar como um segundo celular, ideal para momentos de descanso ou para presentear filhos que ainda não precisam de um smartphone completo.
Conclusão
A proposta do Light Phone III é nobre: reduzir distrações e resgatar o foco. Mas talvez a pergunta certa não seja “vale a pena trocar de celular?”, e sim “como posso usar melhor a tecnologia que já tenho?”.
O equilíbrio pode estar menos em mudar de aparelho e mais em mudar de hábito. E isso, sim, pode ser a verdadeira cura para o “cérebro cansado”.
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Fonte: The New York Times – Reportagem de Brian X. Chen, publicada em 6 de abril de 2025.