Robôs humanoides invadem os lares: realidade ou ficção científica?

Robôs humanoides invadem os lares: realidade ou ficção científica?

Empresas testam robôs domésticos com aparência humana para realizar tarefas do dia a dia e coletar dados que prometem revolucionar a automação residencial.

Na sala de estar de uma casa em Redwood City, na Califórnia, uma cena que parece saída de um filme de ficção científica já se tornou realidade: um robô humanoide abre a porta, cumprimenta com sotaque escandinavo e serve água ao visitante. Essa é a proposta da 1X, startup norueguesa que está colocando seus robôs, como o Neo, para morar temporariamente em casas reais.

Robôs com rosto de gente, propósito de máquina

O Neo, embora ainda operado parcialmente por humanos à distância, é capaz de caminhar, pegar objetos, carregar roupas e até limpar janelas. Ele faz isso com movimentos incrivelmente humanos, graças a sensores, câmeras e um sistema de aprendizado por meio de inteligência artificial. Mas a tarefa não é simples: carregar uma lava-louças exige mais do que comandos – requer adaptação a ambientes caóticos, como são as casas de verdade.

A 1X aposta que, ao expor o robô à vida doméstica, poderá coletar dados essenciais para treiná-lo com mais precisão. “O que estamos vendendo é mais uma jornada do que um produto final”, resume o fundador Bernt Børnich. Ainda que o robô precise de ajuda remota para algumas tarefas, como abrir a geladeira, ele já demonstra avanços notáveis em termos de autonomia.

Por que humanoides? Porque o mundo é feito para humanos

Empresas como Tesla, Apptronik e Figure AI também estão na corrida dos humanoides. O motivo? Casas, escritórios e fábricas foram projetados para pessoas. Portanto, quanto mais um robô se parecer e se mover como um humano, maior sua chance de se adaptar ao nosso mundo sem que precisemos reformá-lo para recebê-lo.

A 1X vai além: acredita que inserir o Neo em lares, em vez de apenas fábricas, acelera o aprendizado do robô. E isso pode significar uma revolução na forma como lidamos com tarefas domésticas. Hoje, Neo ainda precisa de um técnico com óculos de realidade virtual para coordenar seus movimentos. Mas a ideia é que, em breve, ele aja por conta própria com segurança, utilidade – e empatia.

Uma tecnologia promissora, mas ainda em teste

Apesar dos avanços, há desafios. Um erro elétrico pode fazer o robô desabar no meio da cozinha. A conexão Wi-Fi instável pode impedi-lo de completar tarefas simples. E o desconforto de conversar com um robô que, na verdade, está sendo controlado por um humano à distância, ainda é real.

A questão da privacidade também entra na pauta: o robô registra vídeos para aprender. A empresa promete que só usará os dados com permissão e sempre após 24 horas – tempo para o usuário apagar qualquer conteúdo sensível.

E os humanos nessa história?

O impacto dessa tecnologia no mercado de trabalho doméstico é inevitável. No entanto, entidades como a National Domestic Workers Alliance enxergam uma possível parceria entre robôs e trabalhadores: a automação pode aliviar tarefas mais pesadas, permitindo que as pessoas foquem no que apenas humanos podem oferecer – cuidado, afeto e atenção.

Um futuro que já começou

A ideia de um robô ajudante em casa, popularizada em filmes como Blade Runner ou Westworld, está finalmente ganhando forma. Ainda há tropeços, mas o entusiasmo é palpável. E para muitos, como Børnich, que sonhava com isso desde a infância, o futuro está apenas começando.

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Fonte: The New York Times